Chegamos ao fim de uma série de
quatro postagens direcionadas aos críticos
de plantão da bíblia. Espero ter ajudado ao demais, que mesmo não sendo
críticos no mau sentido o são para defender a sua fé e questionar aos que, sem
instrução, estão verberando nas universidades e escolas contra a santa palavra
de Deus. Que todos leiam e releiam a vontade, a fim de inculcar estes erros na
mente, para que saibam como ler de forma correta a bíblia sagrada e
consequentemente saibam defender, com sabedoria, o Deus do livro e o livro de
Deus.
Erro número 16: Confundir afirmações gerais com universais.
Com freqüência, os críticos rapidamente chegam à conclusão
de que afirmações que não mencionam restrições não admitem exceções.
Apoderam-se de versículos que apresentam verdades gerais e então regozijam-se
em mostrar óbvias exceções. Ao fazerem isso, se esquecem de que tais afirmações
foram feitas com a intenção de serem generalizações.
O livro de Provérbios é um bom exemplo de casos assim.
Dizeres proverbiais, por sua própria natureza, dão-nos apenas uma direção, e
não uma certeza aplicável a todos os casos. São regras para a vida, mas regras
que admitem exceções. Provérbios 16:7 é um desses casos. A afirmação é:
"Sendo o caminho dos homens agradável ao Senhor, este reconcilia com eles
os seus inimigos". Isto obviamente não tinha a intenção de ser uma verdade
universal. Paulo era agradável ao Senhor, e seus inimigos o apedrejaram (At
14:19). Jesus foi agradável ao Senhor, e seus inimigos o crucificaram! Não
obstante, esta é uma regra geral: aquele que vive de modo a agradar ao Senhor
poderá minimizar o antagonismo de seus inimigos.
Outro exemplo de uma verdade geral é Provérbios 22:6:
"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho
não se desviará dele". Entretanto, outras passagens da Bíblia nos mostram
que isto nem sempre é verdade. De fato, alguns homens piedosos na Bíblia
(inclusive Jó, Eli e Davi) tiveram filhos perversos. Este provérbio não
contradiz a experiência por ser um princípio geral, que se aplica de maneira
geral, mas que permite exceções em casos isolados. Os provérbios não têm a
característica de ser garantias absolutas. Antes, eles expressam verdades que
nos proporcionam conselhos e direções úteis, que cada um de nós deve aplicar à
própria vida, a cada dia.
Não passa de um simples erro presumir que a sabedoria de um
provérbio seja sempre uma verdade universal. Os provérbios são sabedoria
(direções gerais), não leis (imperativos com aplicação universal). Quando a
Bíblia declara "...vós sereis santos, porque eu sou santo" (Lv
11:45), então não há exceções. Santidade, bondade, amor, verdade e justiça
estão na raiz precisa da natureza de Deus, que é imutável e, por isso, não
admite exceções. Mas a sabedoria toma as verdades universais de Deus e as
aplica a circunstâncias específicas e sujeitas a alterações, as quais, por sua
própria natureza mutável, nem sempre produzirão os mesmos resultados. Não
obstante, a sabedoria ainda assim é muito útil como um guia para a vida, mesmo
admitindo eventuais exceções.
Erro número 17: Esquecer-se de que uma revelação posterior
sobrepõe-se a uma anterior.
Algumas vezes, os críticos das Escrituras se esquecem do
princípio da revelação progressiva. Deus não revela tudo de uma só vez, nem
determina sempre as mesmas condições para todos os períodos do tempo. Portanto,
algumas de suas revelações posteriores vão sobrepor-se a afirmações anteriores.
Os críticos da Bíblia às vezes confundem uma mudança na
revelação com um erro. O erro, entretanto, é do crítico. Por exemplo, o fato de
que a mãe ou o pai de uma criança permita que ela, quando bem pequena, coma com
a mão, para somente mais tarde ensinar-lhe a comer com uma colher não é uma
contradição. Nem ainda a mãe ou o pai estará se contradizendo quando, mais
tarde, insistir para que o filho use um garfo, e não mais uma colher, para
comer vegetais. Isto é revelação progressiva, sendo cada ordenança adequada à
circunstância particular em que a pessoa se encontra.
Houve uma época em que Deus testou a humanidade proibindo-a
de comer o fruto de uma determinada árvore no jardim do Éden (Gn 2:16-17). Este
mandamento não está mais em vigor, mas a revelação posterior não contradiz a
anterior. Também houve um período (sob a lei de Moisés) em que Deus ordenou que
animais fossem sacrificados pelo pecado do povo. Entretanto, desde que Cristo
ofereceu o sacrifício perfeito pelo pecado (Hb 10:11-14), esse mandamento do AT
não está mais em vigor. Aqui, de novo, não há contradição entre o mandamento
posterior e o anterior.
De igual forma, quando Deus criou a raça humana, ele ordenou
que se comessem apenas frutas e vegetais (Gn 1:29). Mas depois, quando as
condições se alteraram após o dilúvio, Deus ordenou que se comesse também carne
(Gn 9:3). Tal mudança de uma condição herbívora para uma carnívora é uma
revelação progressiva, mas não se constitui uma contradição. De fato, todas as
subseqüentes revelações são simplesmente mandamentos diferentes para pessoas
diferentes em tempos diferentes, dentro do plano geral de Deus para a redenção.
É certo que Deus não poda alterar mandamentos que têm que
ver com a sua natureza Imutável (cf. Ml 3:6; Hb 6:18). Por exemplo, sendo Deus
amor (1 Jo 4:16), ele não pode ordenar que o odiemos. Nem pode ordenar o que é
logicamente impossível, como, por exemplo, oferecer e, ao mesmo tempo e com o
mesmo propósito, não oferecer um sacrifício pelo pecado.
Mas, apesar desses limites de ordem lógica e moral, Deus
pode e revelou-se de maneira progressiva e não contraditória. Quando, porém, os
fatos relativos a sua revelação são tirados do próprio contexto e comparados a
outros anteriores, podem parecer uma contradição. Esse, contudo, é o mesmo tipo
de erro de quem acha que a mãe está-se contradizendo ao permitir que o filho,
agora mais velho, vá dormir mais tarde.
Depois de quarenta anos de estudo contínuo e cuidadoso da
Bíblia, a única conclusão a que se pode chegar com respeito àqueles que pensam
terem descoberto um erro na Bíblia é que eles não sabem muita coisa a respeito
dela - na verdade, sabem é muito pouco sobre a Bíblia! Isso não significa, é
claro, que entendemos todas as dificuldades existentes nas Escrituras. Mas,
certamente, isso nos faz crer que Mark Twain tinha razão ao concluir que não
era a parte da Bíblia que ele não entendia o que mais o incomodava, mas as
partes que ele compreendia, estas, sim, o incomodavam!
Texto extraído do livro: Manual popular de dúvidas, enigmas e "contradições" da Bíblia.
Autores: Norman Geisler e Thomas Howe.
Editora: Mundo Cristão.