quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Erros Que os Críticos da Bíblia Devem Evitar I
















Há Dificuldades Na Bíblia? Sim!

Ainda que a Bíblia seja a Palavra de Deus e, como tal, nela não possa haver erro algum, isso não significa que nela não haja dificuldades. Todavia, como Agostinho observou com sabedoria: "Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado; mas ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está errada, ou nós não entendemos o que está escrito". Os erros não se acham na revelação de Deus, mas nas falhas interpretações dos homens.
          
A Bíblia é isenta de erros, mas os que a criticam não são. Todas as alegações feitas nesse sentido baseiam-se em erros cometidos pelos próprios críticos. Tais erros enquadram-se numa das seguintes principais categorias:

Erro número 1: Assumir que o que não foi explicado seja inexplicável.

Nenhuma pessoa instruída alegaria ser capaz de explicar completamente todas as dificuldades bíblicas. Contudo, é um erro o crítico pressupor que o que não foi ainda explicado nunca o será. Quando um cientista se depara com uma anomalia na natureza, ele não desiste de fazer cuidadosos exames científicos adicionais. Pelo contrário, ele faz uso daquilo que não foi explicado como uma motivação para descobrir uma explicação. Nenhum cientista verdadeiro desiste de seu trabalho, em desespero, simplesmente porque não consegue explicar um dado fenômeno. Ele continua a fazer pesquisas com a confiante expectativa de encontrar uma resposta. E a história da ciência tem revelado que tal fé tem sido recompensada.

Houve épocas em que os cientistas, por exemplo, não tinham explicação para fenômenos naturais como os meteoros, os eclipses, os tornados, os furacões e os terremotos. Todos esses mistérios, porém, renderam os seus segredos à inabalável perseverança da ciência. Os cientistas ainda não sabem como a vida pode ocorrer em descargas térmicas nas profundezas do mar, mas nenhum deles se dá por vencido e grita: "é uma contradição!"

Da mesma forma, os eruditos cristãos pressupõem que o que até hoje não foi explicado na Bíblia não é, por isso, inexplicável. Não consideram que discrepâncias sejam contradições. E, quando encontram algo que não podem explicar, continuam pesquisando na certeza de que algum dia encontrarão a resposta. Com efeito, se tivessem uma postura contrária a esta, parariam de estudar.

Por que ir em busca de uma resposta, quando se pressupõe que ela não exista? Tal como o cientista, aquele que estuda a Bíblia tem sido recompensado em sua fé e pesquisa, pois muitas dificuldades para as quais os eruditos não tinham explicação já foram superadas através da história, da arqueologia, da lingüística e de outras disciplinas. Os críticos, por exemplo, um dia afirmaram que Moisés não poderia ter escrito os cinco primeiros livros da Bíblia porque a escrita ainda não existia na época dele. Agora sabemos que a escrita já existia alguns milhares de anos antes de Moisés.

De igual forma, os críticos um dia acreditaram que a Bíblia estivesse errada ao falar dos hititas (ou heteus), já que esse povo era totalmente desconhecido dos historiadores. Sua existência, porém, foi comprovada pela descoberta, na Turquia, de uma biblioteca hitita. Esses fatos nos levam a crer que as dificuldades bíblicas ainda não resolvidas certamente são explicáveis e que, portanto, não há que se presumir que existam erros na Bíblia.

Erro número 2: Presumir que a Bíblia é culpada, até prova em contrário.

Muitos críticos presumem que a Bíblia está errada, até que algo venha provar que ela está certa. Contudo, como acontece com qualquer cidadão acusado de um crime, a Bíblia deve ser tida como "inocente", até que haja a prova da culpa. Isso não é querer dar-lhe nenhum tratamento especial; essa é a forma pela qual todos os relacionamentos humanos são feitos. Se assim não fosse, a vida não séria possível. Por exemplo, se presumíssemos que a sinalização de trânsito nas rodovias ou na cidade não fosse verdadeira, então provavelmente estaríamos mortos antes de poder provar o contrário.

De igual modo, se presumíssemos que os rótulos nas embalagens de alimentos fossem enganosos até prova em contrário, teríamos então de abrir todas as latas e pacotes antes de comprá-los. E o que dizer se presumíssemos que todos os números no nosso dinheiro estivessem errados? E se achássemos que estariam erradas todas as placas nas portas dos sanitários públicos, que indicam o sexo a que se destinam?! Bem, isto já é o bastante.
          
Temos de presumir que a Bíblia, como qualquer outro livro, está nos dizendo o que os autores disseram e ouviram. As críticas negativas da Bíblia partem de um pressuposto contrário a este. Não é de se admirar, então, que concluam que a Bíblia está crivada de erros.

Erro número 3: Confundir as nossas falíveis interpretações com a infalível revelação de Deus.
          
Jesus afirmou que "a Escritura não pode falhar" (Jo 10:35). Sendo um livro infalível, a Bíblia é também irrevogável. Jesus declarou: "Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra" (Mt 5:18, cf. Lc 16:17). As Escrituras têm ainda a autoridade final, sendo a última palavra acerca de tudo que ela aborda. Jesus valeu-se da Bíblia para resistir ao tentador (Mt4:4,7,10); para resolver discussões doutrinárias (Mt 21:42); e para sustentar a sua autoridade (Mc 11:17).
          
Às vezes um ensinamento bíblico apóia-se num pequeno detalhe histórico (Hb 7:4-10), numa palavra ou numa frase (At 15:13-17), ou mesmo na diferença entre o singular e o plural (Gl 3:16). Mas, conquanto a Bíblia seja infalível, as interpretações humanas não o são. A Bíblia não pode estar errada, mas nós podemos estar errados quanto a alguma coisa dela. O significado da Bíblia nunca muda, mas a nossa compreensão pode mudar.
          
Os seres humanos são finitos, e seres finitos cometem erros. É por isso que há borrachas para lápis, corretores líquidos para textos datilografados, e uma tecla "apaga" nos computadores. E muito embora a Palavra de Deus seja perfeita (Sl 19:7), enquanto existirem seres humanos imperfeitos, haverá erros de interpretação das Escrituras e falsos pontos de vista deles decorrentes.
          
Em vista disso, não devemos nos apressar em considerar que um determinado preceito científico hoje amplamente aceito seja a palavra final acerca do ponto em questão. Teorias que foram predominantemente aceitas no passado são consideradas incorretas por cientistas do presente. Dessa forma, é de se esperar que haja contradições entre opiniões populares sobre questões científicas e as interpretações da Bíblia amplamente aceitas.
          
Isso, porém, não consegue provar que há uma real contradição entre o mundo de Deus e a Palavra de Deus, entre a revelação geral de Deus e a sua revelação especial. Nesse sentido básico, a ciência e as Escrituras não estão em contradição. Somente as opiniões humanas, finitas e falíveis acerca da ciência e das Escrituras é que podem entrar em contradição.

Erro número 4: Falhar na compreensão do contexto da passagem.
          
Talvez o erro mais comum dos críticos seja o de tirar um texto de seu próprio contexto. Como diz o adágio: "um texto fora de contexto é simplesmente um pretexto". Tudo se pode provar, a partir da Bíblia, por meio desse procedimento errôneo. A Bíblia diz: "Não há Deus" (SI 14:1). É claro, que o contexto é: "Diz o insensato no seu coração: 'Não há Deus'". Alguém poderá afirmar que Jesus nos advertiu: "não resistais ao perverso" (Mt 5:39), mas o contexto anti-retaliatório em que ele lança esta proposição não deve ser ignorado. Assim também muitos não compreendem corretamente o contexto da afirmativa de Jesus, quando ele disse: "Dá a quem te pede" (Mt 5:42), como se tivéssemos a obrigação de dar uma arma a uma criancinha que nos pedisse, ou de dar armamentos atômicos a Saddam Hussein simplesmente por ele ter pedido.
          
O erro de não observar que o significado é determinado pelo contexto é, talvez, o principal pecado daqueles que encontram erros na Bíblia, como os comentários de numerosas passagens bíblicas neste livro vão ilustrar.

Erro número 5: Deixar de interpretar passagens difíceis à luz das que são claras.
          
Algumas passagens das Escrituras são de difícil compreensão. Às vezes a dificuldade é por serem obscuras. Outras vezes a dificuldade está em que uma passagem parece estar ensinando algo contrário ao que uma outra parte da Escritura ensina com clareza. Por exemplo, Tiago parece estar dizendo que a salvação é pelas obras (Tg 2:14-26), ao passo que Paulo ensinou com toda a clareza que é pela graça (Rm 4:5; Tt 3:5-7; Ef 2:8-9). Neste caso, Tiago não deve ser interpretado de maneira a contradizer Paulo. O apóstolo Paulo está falando da justificação perante Deus (o que é pela fé somente), ao passo que Tiago está se referindo à justificação perante os homens (que não têm como ver a nossa fé, mas somente as nossas obras).
          
Um outro exemplo encontra-se em Filipenses 2:12, em que Paulo diz: "desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor". Aparentemente isto parece estar dizendo que a salvação é pelas obras. Contudo, inúmeras passagens das Escrituras claramente contradizem tal idéia, pois afirmam: "salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:8-9); "ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Rm 4:5); "não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, [é que] ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo" (Tt 3:5).
          
Quando esta frase de difícil compreensão - "desenvolvei a vossa salvação" - é entendida à luz dessas passagens tão claras, podemos ver que, qualquer que seja o significado dela, uma coisa é certa: ela não significa que somos salvos pelas obras. De fato, o seu significado é encontrado precisamente no versículo seguinte. Temos de desenvolver a nossa salvação porque a graça de Deus tem operado em nosso coração. Nas próprias palavras de Paulo: "porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:13).


Texto extraído do livro: Manual popular de dúvidas, enigmas e "contradições" da Bíblia.
Autores: Norman Geisler e Thomas Howe.
Editora: Mundo Cristão.

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